A Polícia Federal (PF) indiciou cinco pessoas envolvidas no uso da máquina pública para interferir no segundo turno das eleições de 2022. O processo foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro do ano passado, mas a PF só confirmou a informação nesta quarta-feira (22). Eles são acusados de crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao exercício do direito de voto e omissão no crime de tentativa de abolição do estado democrático de direito.
A Polícia Rodoviária Federal confirma que quatro desses acusados são policiais rodoviários e informa que abriu processo administrativo disciplinar para apurar a conduta dos servidores.
Em nota, a defesa dos policiais rodoviários Luis Carlos Reischak Junior – ex-diretor de Inteligência da PRF –, Djairlon Henrique Moura – ex-diretor de Operações – e Rodrigo Cardozo Hoppe – ex-diretor de Inteligência Substituto da PRF – disse que as investigações da PF demonstraram a “completa ausência de qualquer indício que vinculasse os referidos senhores à autoria de condutas ilícitas”.
Outro indiciado seria um ex-diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ANTT, que é servidor do IPEA.
A ANTT informou que segue colaborando com as autoridades e prestando todas as informações necessárias. Sobre o servidor público em investigação, a agência afirma que adotou as medidas cabíveis. O Ipea disse que tomou conhecimento do indiciamento do servidor e que aguarda os encaminhamentos das esferas competentes para adotar as medidas necessárias.
A reportagem ainda busca confirmar o quinto envolvido, outro policial rodoviário federal.
No ano passado, a PF também indiciou o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques por tentarem impedir o deslocamento de eleitores na região Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. De acordo com a investigação, a PRF usou a maior parte de seu efetivo para a realização de blitz na região Nordeste, como forma de dificultar o transporte de eleitores nas áreas onde o presidente Lula teve mais votos no primeiro turno.
No dia da eleição, no segundo turno, o então presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, chegou a proibir que a PRF realizasse qualquer operação para impedir o transporte público de eleitores.