O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, cobrou do Ministério da Fazenda que regulamente o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), para permitir investimentos em ações de restabelecimento e reconstrução do estado, afetado por uma tragédia climática que deixou quase todos os municípios em situação de calamidade pública devido às chuvas no primeiro semestre.
Em maio, o governo federal suspendeu por 36 meses a dívida do Rio Grande do Sul com a União e perdoou R$ 12 bilhões referentes a juros da dívida. A suspensão temporária do pagamento permitirá a liberação de cerca de R$ 11 bilhões a este fundo destinado à reconstrução do estado.
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“Dependendo do que vier, esse recurso ficará absolutamente estrangulado, para ser usado em ações muito restritas”, disse Leite durante audiência pública da comissão externa da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (3). A comissão acompanha os danos causados pelas enchentes no estado discutiu o uso de recursos a fundo perdido destinados aos municípios gaúchos.
Na semana passada, a União anunciou a antecipação de R$ 680 milhões do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 2025 ao Rio Grande do Sul. Já o último balanço da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul contabilizou investimento de R$ 85,7 bilhões do governo federal, para custear medidas de socorro e apoio à população, empresários e administrações estadual e municipais desde o início da calamidade no final de abril deste ano.
A Agência Brasil entrou em contato com as assessorias do Ministério da Fazenda e da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Arrecadação de impostos
Durante a audiência, Leite disse ainda que a prioridade do estado é que haja a reposição das perdas de arrecadação de impostos pelos governos estaduais e municipais. Ele pediu mais recursos federais. “Tem que colocar dinheiro na veia e, nesse momento, dinheiro na veia é, principalmente, repor as perdas da arrecadação”.
O governador adiantou que se não houver reposição dessas perdas poderá faltar receita para pagar despesas ordinárias. “Vamos ter uma situação absolutamente inusitada: vai ter dinheiro para reconstruir, mas não vai ter dinheiro para pagar as despesas básicas do estado, no final do mês”.
Municípios
A audiência na Câmara dos Deputados foi ponto de parada da marcha de prefeitos pela reconstrução dos municípios do RS, promovida pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, expôs as principais demandas dos municípios, como o refinanciamento de dívidas municipais com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e a extensão da reforma previdenciária às cidades gaúchas.
Ele pediu empenho da bancada parlamentar gaúcha no Congresso Nacional para ir atrás de recursos federais para as prefeituras. “A Confederação, junto com a Famurgs, está confiando que a bancada possa se estruturar e tocar adiante uma emenda do FPM, outra emenda do ICMS, a emenda dos regimes próprios da previdência. Enfim, onde tem, na raspa do tacho, recurso nos ministérios que estão parados, que o próprio governo já colocou [o dinheiro] e que não está sendo alocado.”
Já o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Marcelo Arruda, reforçou aos 31 senadores e deputados federais da bancada gaúcha que os prefeitos querem a união dos parlamentares para defender os interesses das cidades gaúchas.
“A gente precisa unir esforços, de mãos dadas, achar a solução. A gente sabe que, a cada dia, vai ter um desafio, uma nova dificuldade. Existe a vontade de todos de ajudar– seja o governo federal, governo estadual e o parlamento – mas a gente tem que ter a compreensão, deixar nossas diferenças de lado, nossas ideologias de lado, para ajudar o pessoal que está na ponta.”