A região metropolitana do Rio de Janeiro registrou, em janeiro deste ano, 26 vítimas de balas perdidas, sete delas morreram. De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, o número é um recorde na série histórica, iniciada em janeiro de 2017. O recorde anterior era de janeiro de 2019, com 19 pessoas baleadas. No mesmo mês do ano passado, a entidade contabilizou oito pessoas feridas por balas perdidas e nenhuma morte.
O número de vítimas baleadas em roubos ou tentativas de roubo também é o maior registrado desde 2020, de acordo com o levantamento. Foram 25 pessoas, oito delas morreram.
Além disso, chama atenção o elevado número de agentes de segurança baleados em janeiro, que, desde 2021, não apresentava números tão altos para o primeiro mês. Foram 13 agentes feridos, oito deles morreram.
Ao todo, 181 pessoas foram baleadas na região metropolitana do Rio durante o mês de janeiro. Ao todo, 79 morreram e 102 ficaram feridas. Houve um aumento de 36% no número de mortos e de 137% no número de feridos em comparação com janeiro de 2024.
O número de tiroteios aumentou 30% no período, somando 277 ocorrências contra 213 em janeiro do ano passado.
Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado, avalia que a violência armada no Rio de Janeiro segue fora de controle:
“É preocupante que esse cenário de violência esteja se estabelecendo, esteja aumentando, enquanto o poder público não é capaz de dar uma única solução concreta para conter esse problema. Não dá para atribuir essa alta a um único fator, porque a violência armada é muito dinâmica. Enquanto os grupos armados diversificam suas formas de atuação, o poder público insiste na velha e falha tática de confronto, colocando a população na linha de tiro”.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública do estado informou em nota que que não tem conhecimento sobre a metodologia utilizada para a coleta dos dados e que, por isso, não poderia comentar o relatório do Instituto Fogo Cruzado, e destacou que a fonte das informações oficiais no estado é o Instituto de Segurança Pública.
A nota diz ainda que a Secretaria tem intensificado ações no combate ao crime organizado para impedir a expansão territorial de facções criminosas e que busca apoio do governo federal para monitorar o deslocamento de criminosos de outros estados e a entrada de armamentos ilegais.